Bragança Paulista, quarta-feira, 2 de abril de 2021
Foto: Estação Taboão com carro de serviço da SPR ao fundo.

Autor: desconhecido

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Foto: Loco 8 Garrat fabricada pela Beyer-Peacock com o logotipo da SPR.

Autor: Francisco C. Araújo

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Foto: Largo do Taboão em 1933 com a estação da SPR ao fundo.

Autor: desconhecido

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Foto: Estação Tanque em 1941.

Autor: revista Ferrovia

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Foto: Loco 7 nas oficinas da Lapa - SP.

Autor: SPR

Identificada por Alberto H. Del Bianco

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Foto: A mesma loco 7 em Vargem no ano de 1941. 

Autor: revista Ferrovia

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Foto: Logo original da SPR na loco 1 em Atibaia.

Autor: Francisco C. Araújo

A São Paulo Railway

No início do século 20, a São Paulo Railway Company detinha o monopólio de transporte do café, símbolo de riqueza da época, até o porto de Santos. Isto porque era a única concessão autorizada a operar do planalto até o litoral, tendo os ingleses executado uma obra de engenharia gigantesca para vencer a serra do mar utilizando um sistema de tração por cabos. Com a finalidade de aproveitar esse canal, facilitar o escoamento da produção e exportar seu produto, muitos cafeicultores de São Paulo se cotizaram e construiram estradas de ferro que, conforme determinavam as concessões da época, seguiam de algum ponto da SPR que fosse mais conveniente rumo ao interior. Foi assim que surgiu a Estrada de Ferro Bragantina, uma ferrovia que partindo de Campo Limpo tinha infinitas curvas para levar o trem o mais próximo possível das fazendas de café até Bragança. 

Nessa época, uma dessas estradas de ferro, a Companhia Mogiana, resolveu se desvincular da SPR e levar a sua mercadoria direto ao porto de São Sebastião. Planejou uma linha que ligasse Amparo ao litoral norte, o que colocou em risco os interesses dos ingleses, que teriam de dividir o transporte caso essa ferrovia se tornasse realidade. As leis garantiam o monopólio, pois não era permitida a construção de outra linha dentro da distância de 31 quilometros de cada lado e na mesma direção da estrada, más não evitariam a Mogiana de levar seus trilhos ao outro porto, uma vez que não havia nenhuma ferrovia nesse traçado. O único senão, é que a Mogiana teria de cruzar com a Bragantina em algum ponto próximo de Atibaia, e para isso necessitaria de uma permissão dela. Foi aí que os ingleses viram a oportunidade de barrar os planos dessa nova estrada de ferro. Logicamente, se fossem donos da Bragantina, jamais permitiriam esse cruzamento. Procuraram então o acionista majoritário da época, Dr. Lins de Vasconcellos, e após longa negociação a SPR adquiriu o controle da Estrada de Ferro Bragantina no dia 21 de agosto de 1903. Foi o ponto final nos planos da Mogiana. Mais tarde, para eliminar qualquer possibilidade de reativação do projeto, os ingleses estenderam os trilhos da Bragantina até Vargem e construiram um tronco de Caetetuba até Piracaia, fechando de vez o caminho para a Mogiana, que desistiu da empreitada.

A partir daí, já com o logotipo da SPR, a antiga Bragantina foi modernizada pelos ingleses com a incorporação de novo material rodante, troca dos trilhos para suportar o tráfego mais intenso, construção de novas estações e padronização das antigas em estilo vitoriano, com tijolos a vista. Esse trecho recebeu a denominação de Secção Bragantina, pois passou a ser um ramal da SPR.

O tempo passou, a produção cafeeira aumentou demasiadamente e os depósitos de café ficaram abarrotados. Por causa do excesso da oferta, o preço do café caiu vertiginosamente e a crise que adveio colaborou com a quebra da bolsa de Nova York em 1929. As exportações simplesmente acabaram e os fazendeiros foram à falência da noite para o dia, sem ter onde colocar o seu produto. A Secção Bragantina perdeu a sua finalidade, pois foi concebida para o transporte do café, e começou a registrar déficits gigantescos. Após a crise 1929-1930, o país passou por um período de transformação política e econômica sem precedentes. Cresceu a industrialização, com o conseqüente êxodo rural; o governo ampliou e modernizou rapidamente a malha rodoviária e as ferrovias caíram no esquecimento e tornaram-se inviáveis economicamente. Os ingleses, após um longo período, perderam o interesse pela concessão e entregaram a Secção Bragantina simbólicamente ao governo do Estado em 1949, a título gratuito, outorgando também a posse de todos os bens móveis e imóveis que eram da estrada. Finalmente, em 16 de fevereiro de 1950, através de escritura pública de doação, o governo tomou posse definitivamente da ferrovia e incorporou ao seu patrimônio o valor de Cr$ 52.011.175,50, passando a administrá-la. Acabou aí a era SPR da Bragantina.



Bibliografia desta página:

- Recordações de Bragança, Prefeitura Municipal da Estância de Bragança Paulista.

- Annuário de Bragança para 1902.



















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