Bragança Paulista, quarta-feira, 2 de abril de 2021
Foto: minha avó Antonieta

Autor: Carlos S. Filho

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Foto: Estação Taboão

Autor: Francisco C. Araújo

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Foto: trem da Bragantina

Autor desconhecido

Só saudade

É inegável o progresso alcançado pelo conhecimento humano nos dias de hoje. Da descoberta e utilização da força do vapor até o chip que faz trilhões de cálculos por segundo, passou pouco mais de 100 anos. Este site é uma das provas do progresso no setor das comunicações, uma vez que você pode estar agora em qualquer parte do planeta terra lendo estas linhas. Dia chegará em que isso poderá ser feito de qualquer parte do universo. Exagero? Pois há menos de 30 anos, um simples interurbano para uma cidade vizinha demorava horas até que a telefonista conseguisse completar a ligação. Internet? Ninguém sequer imaginava isso naqueles tempos. Uma viagem de Bragança a São Paulo no trem desta história demorava em média tres horas e meia contando com a baldeação em Campo Limpo. A baldeação era a troca de trens pelos passageiros, pois a Bragantina não ia direto para a capital e todos tinham de seguir viagem por uma composição de outra ferrovia, no início a SPR, depois E. F. Santos a Jundiaí. Hoje, em menos de uma hora se faz esse percurso com toda segurança em rodovia duplicada. 

Na medida em que as gerações vão se sucedendo e as pessoas ganhando idade, as lembranças de cada um vão crescendo na mesma proporção do conhecimento. Hoje aprendemos a lição do dia, más dificilmente nos esquecemos das que nos foram importantes no passado. E a Estrada de Ferro Bragantina marcou muito a minha infância. Era através dela que a minha família me levava até a casa da minha avó Antonieta no "interior". Não existia emoção maior prá mim do que sentir aquele cheiro de lenha queimada quando, ao chegar em Campo Limpo, avistava o trem da Bragantina. Depois da viagem no trem a vapor, lá estava minha avó na Estação do Taboão, que não existe mais, me esperando pro abraço mais gostoso do mundo. Na volta prá casa, depois de um final de semana sem televisão, sem geladeira, más com fogão a lenha, arroz de panela de ferro e pão dentro da tigela de louça cheia de café com leite, lá estava ela de novo na plataforma acenando prá todos nós enquanto o trem a vapor, apitando, se afastava fumegante da estação...

Nada disso existe mais, tudo ficou lá atrás, num passado cada vez mais distante...

Carlos S. Filho

 


Meu adeus ao trem desta história, que não voltará jamais...

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