Foto: minha avó
AntonietaAutor: Carlos S. Filho -------------------------------------
Foto:
Estação Taboão
Autor: Francisco C. Araújo
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Foto:
trem da Bragantina Autor
desconhecido
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Só saudade
É inegável o progresso alcançado pelo conhecimento humano nos dias de
hoje. Da descoberta e utilização da força do vapor até o chip que
faz trilhões de cálculos por segundo, passou pouco mais de 100 anos.
Este site é uma das provas do progresso no setor das comunicações,
uma vez que você pode estar agora em qualquer parte do planeta terra
lendo estas linhas. Dia chegará em que isso poderá ser feito de
qualquer parte do universo. Exagero? Pois há menos de 30 anos, um
simples interurbano para uma cidade vizinha demorava horas até que a
telefonista conseguisse completar a ligação. Internet? Ninguém sequer
imaginava isso naqueles tempos. Uma viagem de Bragança a São Paulo no
trem desta história demorava em média tres horas e meia contando com
a baldeação em Campo Limpo. A baldeação era a
troca de trens pelos passageiros, pois a Bragantina não ia direto para
a capital e todos tinham de seguir viagem por uma composição
de outra ferrovia, no início a SPR, depois E. F. Santos a Jundiaí.
Hoje, em menos de uma hora se faz esse percurso com
toda segurança em rodovia duplicada.
Na medida em que as gerações vão
se sucedendo e as pessoas ganhando idade, as lembranças
de cada um vão crescendo na mesma proporção do conhecimento. Hoje
aprendemos a lição do dia, más dificilmente nos esquecemos das que
nos foram importantes no passado. E a Estrada de Ferro Bragantina marcou
muito a minha infância. Era através dela que a minha família me levava
até a casa da minha avó Antonieta no "interior". Não
existia emoção maior prá mim do que sentir aquele cheiro de
lenha queimada quando, ao chegar em Campo Limpo, avistava o trem da
Bragantina. Depois da viagem no trem a vapor, lá estava minha avó na
Estação do Taboão, que não existe mais, me esperando pro abraço
mais gostoso do mundo. Na volta prá casa, depois de um final de semana
sem televisão, sem geladeira, más com fogão a lenha, arroz de panela
de ferro e pão dentro da tigela de louça cheia de café com leite, lá
estava ela de novo na plataforma acenando prá todos nós enquanto o
trem a vapor, apitando, se afastava fumegante da estação...
Nada disso existe mais, tudo ficou lá atrás, num passado cada vez mais
distante...
Carlos S. Filho
Meu adeus ao trem desta história, que não voltará jamais...
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